quarta-feira, 26 de março de 2008

FALTA MUITO

Mesmo com todo o progresso que dizem haver para a inclusão das pessoas portadoras de deficiência em nossa sociedade nos dias atuais, muito ainda há a ser feito, como podemos constatar na reportagem abaixo.
A convite da Gazeta, um cadeirante, um deficiente físico e um deficiente visual de Ribeirão Preto visitaram alguns prédios públicos que constam da ação do Ministério Público Estadual por não terem acessibilidade - hoje, há cerca de 400 construções irregulares que devem ser indiciadas pela promotoria.
Segundo eles, além dos prédios que não têm opção alguma para os deficientes, há também construções mal-adaptadas e obstáculos nas ruas que dificultam o acesso.Adepto do atletismo, o cadeirante Lucas da Costa, 25, disse que as dificuldades com rampas muito inclinadas, como a da entrada da Câmara, e a falta de espaço nas calçadas afetam também pessoas idosas."A rampa dentro da Câmara é uma das piores. Não dá para subir sozinho, e descer só é fácil para quem tem habilidade", afirmou Costa.O atleta já teve que ser carregado por um guarda e por duas pessoas que passavam na rua para poder entrar na Prefeitura. Ele diz que não aceita mais esse tipo de tratamento. "Estive em um banco e não pude entrar por causa de um degrau. A atendente queria chamar alguém para me ajudar, mas eu chamei o gerente e disse que ele tinha um mês para corrigir, senão entraria com uma ação, voltei e tinha, porque é lei", disse Costa.O urbanista da Secretaria de Planejamento e Gestão Ambiental José Antonio Lanchoti disse que vários prédios já passaram por vistoria e que alguns, como o Palácio do Rio Branco, estão com projetos de adaptação prontos há alguns anos."O Otoniel Mota é estadual, mas, assim como a Prefeitura, já deveria ter feito os acessos, embora tenha problemas por ser patrimônio tombado", disse Lanchoti.O urbanista também citou o Mercadão (que possui apenas um acesso adaptado e balcões altos demais para cadeirantes) e a biblioteca Padre Euclides (cujo acesso é por escadas)."As empresas procuram por rampas achando que estão criando acessibilidade, mas isso não é suficiente. A rampa tem que ter a inclinação certa, e tem que ter outros itens, como corrimão e banheiro adaptado", diz Lanchoti.O presidente da Associação de Amigos dos Deficientes Físicos, Wellington Henrique Barbara, que também tem dificuldade para caminhar, disse que é comum empresários "maquiarem" a adaptação para burlar a lei."Se não tiver o acesso, a planta não é aprovada, mas depois eles fazem de qualquer jeito, muito inclinado, com corrimão baixo. Não chamam o deficiente para avaliar", afirmou Barbara. Cego desde os 21 anos, o universitário Alexandre Santos, 29, disse que as escadas da Prefeitura são ideais para ele - nem muito altas, nem muito largas -, mas que é uma vergonha não haver acesso para os cadeirantes.Para ele, adaptações simples, com custo baixo, com funcionários orientados para anunciar senhas de fila e linhas de ônibus, são as mais efetivas para os deficientes visuais.
Estado limita adequação. A Secretaria de Estado da Educação informou por meio de assessoria que não há plano de reforma para adaptação previsto para a Escola Estadual Otoniel Mota porque não há demanda de estudantes portadores de deficiência no local.Segundo a secretaria, o plano de acessibilidade só é feito em uma escola por bairro.Quanto ao caso da Prefeitura, o diretor de Obras Públicas, Clodoaldo Almeida afirmou que o projeto de adequação deve ser finalizado nos próximos 30 dias, junto com o plano de restauro."Assim que recebermos o projeto vamos fazer o orçamento e ver se há dotação para as obras. Se não houver para tudo, faremos ao menos o elevador.”A reportagem não conseguiu falar com os responsáveis pelo projeto de adequação da Câmara para saber se há previsão de correção das rampas de acesso. (Gazeta de Ribeirão)*
*Fonte: www.deficiente.com.br

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